Infecções devem aumentar nos próximos dias; doença já chegou à Flórida e à República Dominicana
Jovem haitiana é encaminhada a centro médico em Porto Príncipe.
SÃO PAULO - A epidemia de cólera que atinge o Haiti desde o final de outubro deve chegar a seu pico em duas ou três semanas, disse ao estadão.com.br médica especializada em cuidados intensivos Taís Rodrigues Lara, do Hospital Albert Einstein, por telefone, do país caribenho.
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"A cólera está começando a se espalhar de uma maneira mais significativa. A perspectiva agora é que nas próximas duas ou três semanas o número de contaminações aumente e atinja um pico. Depois, vai decaindo gradualmente", disse Taís,que está no país desde a última quinta-feira.
Segundo o último balanço divulgado pelo Ministério da Saúde do país, a doença matou 1.110 pessoas até quarta-feira. Além disso, 18.382 haitianos foram internados. Na terça-feira, a República Dominicana, vizinha do Haiti, registrou sua primeira contaminação. Na quarta, um caso foi constatado na Flórida.
A principal preocupação das autoridades são as condições na capital Porto Príncipe, onde vivem cerca de 1,3 milhão de desabrigados por conta do terremoto que devastou o país em janeiro e matou aproximadamente 200 mil. Os sobreviventes vivem em acampamentos onde as condições sanitárias são precárias.
"As condições para que a doença se alastre são enormes. É um acumulado de pessoas em locais com muito pouco saneamento básico. A impressão é que a partir do momento em que fosse registrado o primeiro caso, milhares iam ser infectados rapidamente", explica a médica, que também esteve no Haiti há dez meses, quando ocorreu o tremor.
As infecções, segundo ela, se dão principalmente pela ingestão de água e alimentos contaminados. A médica relata que alimentos são preparados em condições precárias de higiene ao lado dos campos de desabrigados, onde também há muito lixo acumulado, o que contribui com o surto da cólera.
Taís afirma que a missão dos médicos no Haiti é fazer com que o pico que a epidemia ainda vai atingir "seja o menor possível" e que, para isso, o principal é educar a população a como se prevenir. "Orientamos sobre o uso do hipoclorito de sódio (água sanitária) em baixas concentrações. São necessárias duas gotas em um litro de água e em meia hora a solução está pronta ser usada na preparação de alimentos. Isso é o bastante para prevenir um epidemia em larga escala", explica.
A médica afirma que a procura por tratamento em Porto Príncipe é grande, embora os voluntários acreditassem que a epidemia chegaria mais cedo - o primeiro caso na capital foi registrado apenas umas semana depois de ser constatado o surto. "Que ia chegar ninguém tinha dúvidas. Só não sabíamos quão grave ela seria".
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