terça-feira, 19 de abril de 2011

SEMANA SANTA - PAIXÃO E MORTE DE JESUS CRISTO - TEMPO DE REFLEXÃO


É interessante como Jesus tem mudado a história do mundo, a preocupação com a pessoa de Cristo tem deixado muitos de cabelo em pé, se você pegar algumas revistas seculares, à vontade de colocar em duvida relatos bíblicos estão na moda, milagres são discutidos pelos cientistas, teólogos, professores de universidades e infelizmente ainda encontramos pessoas que se dizem sábias que estudam a própria Bíblia falando e duvidando da Onipotência do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

 Vamos falar um pouco de um  filme que causou muita polêmica; o filme de Mel Gibson, a Paixão de Cristo. Eu já assisti muitos filmes sobre a vida de Cristo, mas como este, eu nunca vi .Nos Estados Unidos as igrejas Evangélicas teriam indicado e até mesmo comprado ingressos para levar os seus membros e pessoas convidadas para assistir a Paixão de Cristo.O resultado foi a conversão de milhares de pessoas! Pastores diziam que o filme teriasido uma arma de evangelização, e eu acredito que ele realmente foi uma das maiores armas de evangelismo que a igreja não pode deixar de lado, pois se o filme trouxe à tona toda a  verdade bíblica e leva o sofrimento de Cristo com a maior expressão para a película, basta cada um de nós não perder a oportunidade de estar conversando sobre o assunto com pessoas que talvez não vão à igreja evangélica.Dentro desta matéria vamos analisar as questões polêmicas do filme a Paixão de Cristo.

O FILME É ANTI-SEMITA? O FILME É ANTICRISTÃO?

O único Filme que o seu roteiro estava escrito a mais de dois mil anos atrás é este.Se olharmos as cenas do filme que supostamente são consideradas por alguns de anti-semitas e anticristão, o que se passa não é nada mais e nada menos que os relatos dos evangelhos.A preocupação de que o filme pode trazer reações contra os Judeus seria a mesma coisa dizer, que um filme que conta à história de Hitler pudesse levar a violência contra os alemães.Não podemos descartar a hipótese de alguns grupos que já dispõe destas atitudes, pegar o filme como desculpas para realizar os seus atos ignorantes e violentos.

O filme não deixa duvida de que o Sinédrio teve uma participação de violência contra a pessoa de Cristo, mas isto está relatado no Evangelho escrito por um Judeu, o de Mateus, um dos evangelhos mais judaicos que encontramos na Bíblia.

Seria Mateus um anti-semita?
Claro que não, até mesmo porque o próprio Jesus era Judeu! A prova de que Mateus tinha um cuidado especial com o povo Judeu era a sua forma de escrever o relatos, o seu evangelho foi para alcançar este povo.

De modo específico escreveu para os judeus, para se ter uma prova disto, ele coloca situações da vida de Cristo como sendo cumprimento do Antigo Testamento.Quando escreve querendo se referir ao reino de Deus, ele troca a para reino dos céus, pois sabia que seria uma Blasfêmia para os Judeus e se isto fosse encontrado nos seus relatos, o seu evangelho seria deixado de lado.Se fossemos colocar os cuidados de Mateus a escrever os evangelhos perderíamos o que está em pauta ,mas vamos ao fato, como o intuito de mostrar a todos o que se passou foi um relato bíblico, deixamos estas provas de lado e vamos analisar o que está escrito pelo próprio Mateus, que era Judeu, e pelos outros autores do Evangelho se o filme possui segundas intenções ou se ele seria um filme anticristão.

ANTI-SEMITISMO

Seria anti-semitismo relatar o conteúdo histórico ao pé da letra? Não, pois o filme começa quando Jesus está orando com seus discípulos e eles aparecem dormindo, Encontramos esta passagem em Mateus 26v. 36-46/Lucas 22v.39-46/João 18 v. 1.

Nesta passagem já deixa claro que não existe nenhum povo que poderia matar a Jesus, pois ele ora "Meu Pai, se este cálice não pode passar de mim, sem eu o beber, faça-se a sua vontade". A atitude de Cristo demonstra que por mais que façam o que quiserem com a sua pessoa, não seria nada mais que à vontade do Pai.

No Evangelho de Mateus cap. 26v. 45-46, o próprio Jesus disse: "Dormi, agora, e repousai; eis que é chegada a hora, e o Filho do Homem será entregue nas mãos dos pecadores, levantai, partamos; eis que é chegado o que me trai." br>
Após isto Jesus se depara com Judas, o que o traiu e que o beijou mostrando aos que lhe tinha "contratado" quem era Jesus, e quem foi busca-lo era os príncipes dos sacerdotes e dos anciãos do povo.(Mateus 26 v. 43-50/ Lucas 22v. 47-53/João 18v. 2-11).

Quando Pedro fere o guarda Romano, Jesus pede para Pedro não fazer mais tal coisa, pois deixa claro que se Ele quisesse pediria ao Pai para mandar legiões de anjos e o Pai atenderia o seu pedido.(Mateus 26v. 53).

Jesus foi levado para a casa de Caifás e a li o Sinédrio já se reuniu para um julgamento religioso, (Mateus 26v. 57-68 /Lucas 22v. 63-71/ João 18 v.12, 14,19-24). Podemos lembrar que os religiosos da época juntamente com o sumo sacerdote já buscavam planos para matar Jesus, o próprio Caifas já tinha dito ao conselho que era necessário um homem morrer pelo povo: João 11v. 49-53

"E Caifás, um deles, que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis, nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo e que não pereça a toda nação. Ora, ele não disse de si mesmo, mas sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação. E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos. Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem".
Nesta passagem vemos a clara intenção de matarem Jesus, mas o próprio versículo já dizia que não era por ele que falava.

Dentro deste julgamento religioso, Jesus passou pela noite toda sendo interrogado, isto já é uma informação interessante, pois o Sinédrio não se reunia à noite, até mesmo no filme, a cena de que um integrante do Sinédrio pergunta o porque estavam reunidos naquela hora da noite, ele foi retirado pelos seus companheiros.Acreditamos piamente que nem todos os Judeus e até mesmo Nicodemos que era doutor da lei não compactuava com esta situação. Por isso devemos deixar claro que não foram todos os Judeus que não aceitaram a Cristo, mas uma parte do grupo religioso.Jesus passou por esta situação. Jesus foi espancado pelos integrantes do Sinédrio, Mateus deixa Claro no Capitulo 26 v. 68 "Então, cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros, e outros o esbofeteavam". Seria uma posição correta do Sinédrio? A cena de que Pilatos cobra esta atitude do Sumo Sacerdote o porque houve um julgamento com a sua pena decretada pelos próprios religiosos, caberia a Pilatos estar dando a pena, o que Jesus teria que passar em atos de punição não estava na responsabilidade dos religiosos, mas sim do Governador.

Logo em seguida, Pilatos não acha nenhuma culpa em Jesus e acha uma fuga temporária, Pilatos fica sabendo que Jesus era Galileu e o manda para Herodes, que por sua vez escarnece de Jesus e o manda de volta a Pilatos. (Lucas 23 v. 1-25). À vontade de Pilatos era livrar Jesus da morte, então disse que iria castiga-lo e depois soltá-lo (Lucas 23v. 14-16).

Mas a multidão escolheu Barrabás porque foram influenciados pelos sacerdotes.
Marcos 14v.11

"Mas os principais dos sacerdotes incitaram a multidão para que fosse solto Barrabás".
Mateus 27v. 20

"Mas os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram à multidão que pedisse Barrabás e matasse Jesus".

O que mais poderia passar no filme? A escolha do Povo após três vezes Pilatos chegar a ponto de perguntar que mal Jesus fizera! Foi a multidão que escolheu por causa festa da Páscoa! O governador lava as suas mãos e deixa a escolha do povo ver a sua escolha a se concretizar. O povo tinha tanta certeza do que queria que Bradou que o sangue de Cristo poderia cair sobre o povo e seus filhos.
Mateus 27v. 25

"E respondendo todo o povo, disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nosso filhos".

Dentro deste contexto histórico relatado nos evangelhos passado para a tela por Mel Gibson, que tipo de anti-semitismo podemos encontrar?
O que encontramos é os relatos bíblicos, este filme é o que mais chega perto dos relatos bíblicos.

Gibson, que pertence a um grupo católico conservador que ainda celebra a missa em latim, disse que a história não mudará. "Minha esperança é que o filme contém uma mensagem de fé, esperança, amor, perdão e uma mensagem de coragem e sacrifício. Minha esperança é que comova as pessoas de uma maneira profunda...", disse Gibson.

Gibson investiu mais de US$ 25 milhões para financiar a produção, filmada em Roma

Um porta-voz de Mel Gibson negou que seja essa a intenção do ator.

"Ninguém ligado ao filme tem qualquer interesse em alimentar o ódio, o preconceito e o anti-semitismo", disse o agente publicitário Alan Nierob ao jornal especializado Hollywood Reporter.
"Na verdade, o interesse de Mel é exatamente o oposto. Ele já afirmou anteriormente que seu filme é sobre o amor, a esperança, a fé e o perdão."

SERIA UM FILME VIOLENTO?

Qual seria a maior cena de violência do mundo que poderia encenar a realidade dos fatos na ocasião? Qual cena poderia chegar perto de expressar o que Jesus passou nas mãos do Sinédrio , dos Romanos e em nossas mãos? Será que existe uma cena que poderia expressar o pecado de toda a humanidade cair sobre os ombros de Jesus?
Não existe nenhum tipo de violência a não ser a que Jesus sofreu! O que as pessoas estão acostumadas, é ver Jesus surrado, mas limpo, quase sem sangue e tudo bem. Mas você já leu nos Evangelhos o que Jesus passou?

Vamos analisar:
Ele apanhou a noite toda do Sinédrio-
Mateus 26v. 67-68

"Então, cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros, e outros o esbofeteavam".
Lucas 22v. 63

"E os homens que detinham Jesus zombavam dele, ferindo-o.

Ele apanhou dos Romanos e este açoite era da seguinte forma:
"Um homem açoitado pelos romanos, o que se chama Flagelo, era levado a um tronco de madeira, ele se curvava com suas mãos no tronco, era despido e ali existiam dois algozes. O instrumento de tortura era um cabo de madeira com várias tiras de couro, e nas pontas pedaços de ossos ou ferros. Os golpes eram aplicados nas vitimas até 39 vezes, os cortes eram profundos porque estes ossos quando se encontrava com as carnes, alguns entravam nas costas e quando puxados traziam pedaços das costas. Este tipo de flagelo era o Romano, algumas vitimas morriam nestes flagelos.
Jesus passou por isto!

Após, ele foi levado pelos soldados que escarneciam dele e fizeram uma coroa de espinhos e colocaram em sua cabeça.Os espinhos eram de mais ou menos 2 cm, imagine você após um flagelo ter que passar pelos escárnios dos soldados e depois ter em sua cabeça uma coroa de espinhos infincada.

Por isso Jesus não conseguiu levar a sua cruz (Mateus 27v. 32-33/Marcos 15 v.15-20). Não se pode deixar de lado a questão física de Jesus que estava debilitada. No fim desta matéria será colocada a posição de um legista que vai identificar o sofrimento de Cristo desde o Getsemani até a sua morte.

Depois disto, Jesus foi crucificado, quando pediu água, deram vinagre, e ali o povo escarnece dele mais uma vez. (Mateus 27/Lucas 23 v.23-26-49/João 19v. 17-37).

Mesmo assim Jesus diz: Pai perdoa-lhes por que não sabem o que fazem. (Mateus 23v. 34).

O que o filme produz de sado-masoquista? Não foi o que Jesus passou? Porque um filme que relata a verdade nos mínimos detalhes não pode ser exibido?

O porque não estar querendo proibir os filmes de terror que produz muito mais violência do que este? Será que cortar a cabeça de um jovem com uma serra elétrica, jogar óleo fervendo em outro, arrancar a mão de outra não é violento?

Eu vejo que este filme está levando a mensagem da cruz de uma forma que muitos não tem coragem, a diferença é que este filme pode trazer a para muitas pessoas o interesse pela pessoa de Jesus Cristo, sendo assim vidas vão ser alcançadas pela mensagem de salvação.

EXISTE UMA RESPOSTA PARA O ENVOLVIMENTO DO SUMO SACERDOTE CONTRA JESUS.

Olhando para o contexto histórico, os fatos foram estes mesmos, mas a verdade espiritual quebra todo o pensamento anti-semita.

Olhando para a questão do sacrifício, o próprio Jesus Cristo foi o nosso cordeiro pascoal, ele era o sacrifício pelos nossos pecados. No Antigo Testamento vemos a pessoa do Sumo Sacerdote envolvida na questão do sacrifício pelos pecados do povo, somente ele entrava uma vez por ano no Santo dos Santos e apresentava o sacrifico.

Pense comigo, quem teria que colocar Jesus naquela cruz sendo ele o nosso sacrifico, o ultimo sacrifício pelos nossos pecados?

A resposta é o Sumo Sacerdote, como foi até os dias de Jesus! Por isso que após o sacrifício se concretizar e Jesus entregar o espírito, o véu do templo se rasga de alto a baixo, veja, de alto a baixo, o próprio Deus rasgou aquele véu e deixou claro para toda a humanidade que o ultimo sacrifício feito pelo sumo sacerdote valeu para todo o sempre. Mediante a morte de Cristo, o caminho para acesso ao Pai foi aberto para todos os que queiram. (Hebreus 9/10 v. 19-22).

OS JUDEUS SÃO CULPADOS?

De modo algum, todos nós fomos culpados, dentro do plano de salvação os Judeus foram meros coadjuvantes da história, da mesma forma que existem pontos históricos que podem ser levados a serem achados culpados, existem pontos na história que o povo Judeu abençoou a todos nós. Jesus foi um Judeu, por isso a nossa salvação veio dos Judeus, mas o próprio Jesus disse que era à vontade do Pai. Em sua oração ele pede que não faça a sua vontade, mas faça a vontade do Pai. A sua morte já estava profetizada, Isaias cap. 53 é uma grande prova disto "Ele foi oprimido, mas não abriu a boca, como um cordeiro foi levado ao matadouro e, como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Vers. 7".

Agora veja o versículo 10- 12 deste mesmo capitulo 53 de Isaias: "Todavia, ao Senhor agradou a moê-lo fazendo o enfermar quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os dias, o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão. O trabalho de sua alma ele verá e ficará satisfeito, com o seu conhecimento, o meu servo, o justo, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si. Pelo que lhe darei a parte de muitos, e, com os poderosos o repartirá o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte e foi contado com os transgressores, mas ele levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu".

O plano de Deus era o seguinte: João 3v. 16 .

Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."

ESTA HISTÓRIA JÁ ESTAVA NO CORAÇÃO DE DEUS, OS JUDEUS NÃO FORAM CULPADOS, OS ROMANOS NÃO FORAM OS CULPADOS.

TODOS NÓS FOMOS OS CULPADOS!

MAS O QUE QUERO LEMBRAR É QUE SE JESUS SOMENTE MORRESE, NÃO TERIA VALOR ALGUM, MAS A HISTÓRIA CONTINUA, POIS ELE RESSUSCITOU E VIVO ESTÁ A DIREITA DO PAI.

VEJA O RELATO DE UM LEGISTA SOBRE A MORTE DE JESUS

A MORTE DE JESUS

Quando li este relato, fiz questão de transcrevê-lo, pois é impressionante e vale a pena conhecer o parecer e o descrever de um médico sobre a morte de Jesus. Relato aqui a descrição das dores de Jesus feita por um grande estudioso francês, o médico Dr. Barbet: dando a possibilidade de compreender realmente as dores de Jesus durante a sua paixão. "Eu sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por treze anos vivi em companhia de cadáveres e durante a minha carreira estudei a fundo anatomia. Posso, portanto escrever sem presunção." Jesus entrou em agonia no Getsemani - escreve o evangelista Lucas - orava mais intensamente. "E seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra". O único evangelista que relata o fato é um médico, Lucas. E o faz com a precisão dum clínico. O suar sangue, ou "hematidrose", é um fenômeno raríssimo. Se produz em condições excepcionais: para provocá-lo é necessário uma fraqueza física, acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção, por um grande medo. O terror, o susto, a angústia terrível de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado Jesus. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então escorre por todo o corpo até a terra.

Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede, e então ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio. A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos.

Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente estatura. Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage em um sobressalto de dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte, a cabeça gira em uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos, cairia em uma poça de sangue.

Depois o escárnio da coroação. Com longos espinhos, mais duros que aqueles da acácia, os algozes entrelaçam uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem o quanto sangra o couro cabeludo).

Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão feroz, o entrega para ser crucificado. Colocam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da Cruz; pesa uns cinqüenta quilos. A estaca vertical já está plantada sobre o Calvário.

Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno irregular, cheias de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O percurso é de cerca de 600 metros. Jesus, fatigado, arrasta um pé após o outro, freqüentemente cai sobre os joelhos. E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. Quando ele cai por terra, a viga lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso.

Sobre o Calvário tem início a crucificação. Os carrascos despojam o condenado, mas a sua túnica está colada nas chagas e tirá-la é atroz. Alguma vez vocês tiraram uma atadura de gaze de uma grande chaga? Não sofreram vocês mesmos esta experiência, que muitas vezes precisa de anestesia? Podem agora vos dar conta do que se trata. Cada fio de tecido adere à carne viva: ao levarem a túnica, se laceram asterminações nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um puxão violento.

Como aquela dor atroz não provoca uma síncope?

O sangue começa a escorrer. Jesus é deitado de costas, as suas chagas se incrustam de pé e pedregulhos. Depositam-no sobre o braço horizontal da cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração dos pregos; horrível suplício! Os carrascos pegam um prego (um longo prego pontudo e quadrado), o apóiam sobre o pulso de Jesus, com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. No mesmo instante o seu pólice, com um movimento violento se posicionou opostamente na palma da mão; o nervo mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se, como uma língua de fogo, pelos ombros, lhe atingindo o cérebro. Uma dor mais insuportável que um homem possa provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos. De sólido provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não. Pelo menos se o nervo tivesse sido cortado!

Ao contrário (constata-se experimentalmente com freqüência) o nervo foi destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará três horas.

O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé; conseqüentemente fazendo-o tombar para trás, o encostam-se à estaca vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca vertical. Os ombros da vítima esfregaram dolorosamente sobre a madeira áspera. As pontas cortantes da grande coroa de espinhos o laceraram o crânio. A pobre cabeça de Jesus inclinou-se para frente, uma vez que a espessura do capacete o impedia de apoiar-se na madeira. Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudíssimas.

Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede. Não bebeu desde a tarde anterior. As feições são impressas, o vulto é uma máscara de sangue. A boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estende sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos se curvam. Se diria um ferido atingido de tétano, presa de uma horrível crise que não se pode descrever. A isto que os médicos chamam tetania, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis, em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho, depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico.

Jesus atingido pela asfixia sufoca. Os pulmões cheios de ar não podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita. Que dores atrozes devem ter martelado o seu crânio!

Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus tomou um ponto de apoio sobre o prego dos pés.

Esforçando-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração se torna mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial.

Porque este esforço? Porque Jesus quer falar: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem".

Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na cruz: cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos pés, inimaginável!

Enxames de moscas, grandes moscas verdes e azuis, zunem ao redor do seu corpo; irritam sobre o seu rosto, mas ele não pode enxotá-las. Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura se abaixa.

 Logo serão três da tarde. Jesus luta sempre: de vez em quando se eleve para respirar. A asfixia periódica do infeliz que está destroçado. Uma tortura que dura três horas. Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancaram um lamento: "Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?". Jesus grita: "Tudo está consumado!". Em seguida num grande brado disse: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito". E morre.

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